segunda-feira, 12 de julho de 2010

As raízes não vistas pelos homens


Por Mariana Juer Taragano

            No início, eram apenas alguns milhares e a existência estava contida no limite do horizonte que os olhos podiam alcançar. Depois, o olhar foi além e, com pretensa visão, trouxe crescimento e expansão.
            Na busca pela riqueza, o homem viajou para além-mares, desafiou florestas e a própria natureza humana, desbravou terras intocadas e cheias de mistérios. E destruiu. Mas construiu também.
            Novas selvas se ergueram de novas cores e novos sabores. O homem se deliciou e comemorou. E também aprendeu a viver mais e, naturalmente, a demandar mais. Contudo, ele ainda não sabia dos “bens econômicos”, “bens escassos”. E não percebia que a corrida da conquista era feita sem cuidado, sem critério, sem alicerces de sustentação, nem para a natureza das matas, nem para a natureza dos homens. O homem, que outrora fora intimamente ligado ao solo, já evoluído, começou a se enforcar em suas próprias raízes, fracas e secas.
            Norteando o crescimento descontrolado, novos valores tomaram lugar no espírito daqueles que sofrem com a violência física, moral e psicológica vivida no dia-a-dia das grandes cidades. Porém, parecem ignorar o papel protagonista que exercem. Por vezes, sem consciência, violentam-se em seus descuidos sociais para depois martirizarem-se com o sofrimento consequente sentido. Mas, “sem consciência” é para alguns e os que têm consciência?
Na pretensa visão de séculos atrás, o homem viu o crescimento, a prosperidade. Mas talvez ele fosse míope. E se continuar a não enxergar a fraqueza de seus alicerces pode acabar ficando cego.

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