domingo, 3 de janeiro de 2010

Rio – Que venha o CHOQUE DE ORDEM!

Por Mariana Juer Taragano

Eu sempre defendi o Rio, juro. Meu clima balança dado pelo signo que rege meu nascimento me propicia um certo ar de justiça, então sim, é verdade que sempre admiti as fraquezas da minha cidade, mas sempre afirmei que na balança dos ônus e bônus, os bônus, talvez pela presença de uma letrinha adicional, sempre pesaram mais.

Infelizmente, preciso confessar que ao voltar a morar no Rio em 2009, após alguns anos fora, tomei um choque com a desordem, com a sujeira, com as grades dos prédios. Há quem afirme que para haver a ordem é preciso passar antes pelo caos e vejo isso em coisas simples como a forma pela qual começo a escrever (e por vezes, termino), estudar, lavar o carro, arrumar a casa. Aliás, o big bang e a história da política novaiorquina contam algo parecido, não?

Então creio, e aqui entenda-se “crer” por extrema fé, que o “choque de ordem” instaurado no Rio de Janeiro venha mesmo a trazer a paz, mesmo que para isso, precisemos antes sentir na pele o que essa operação vem causando entre aqueles que por ela não têm interesse algum: Uma raiva, um descontentamento, uma ira causadora de estragos que só deus e os cariocas, de nascimento ou de coração, podem entender de fato.

Ontem, foram duas explosões, hoje, mais duas e alguns tiros na esquina da minha casa na zona sul da cidade. Ninguém me contou, eu vi, e me joguei no chão assustada na primeira explosão, quando ainda estava na rua. Quando saí correndo fugindo para casa, pessoas nas janelas de até alguns quarteirões adiante estendiam os pescoços e perguntavam “o que você viu?”. Parei para contar? De jeito nenhum! Saí disparada, como uma fugitiva, uma prisioneira do meu lar gritando “já para dentro! Explodiu uma granada!!! Tem tiro!!!”. Mas o olhar sádico, masoquista ou curioso de alguns não permitiu que os ouvidos escutassem com atenção o que meu coração acelerado expelia pela minha boca trêmula. E, por incrível que pareça, fiquei aliviada ao ver o que em outro lugar poderia parecer óbvio: dois carros de polícia atrás dos bandidos.

Que eu saiba, até agora não há feridos, graças a Deus, mas o deus nos acuda, que já era evidente nas grades que dominaram os prédios da cidade nos últimos anos, agora está ainda mais assustador.

Mas, enfim, se esse é um meio para se alcançar o fim “paz” imposto pelo “Paes”, sou... A favor... Pelo menos, neste minuto.

3 comentários:

  1. Ai que saudade dessa carioca!
    O bom é que vc tbm é paulista e pode voltar sempre que quiser!
    bjooooo
    Feliz 2010, com bomba ou não!

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  2. Mari,
    Se precisamos de caos para a Paz, eu não sei..acho que a humanidade é antiga o suficiente e já passou ( e está passando) por situações extremas todos os dias e em todas as áreas,que talvez não precisássemos de solavancos diários para refletir sobre a PAZ, ou pelo menos a deliciosa sensação que ela nos traz. Vou pensar mais sobre isso. ;) Te adoro!!

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  3. Concordo Su... é uma provocação mesmo... para pensar, mas o homem parece andar para trás... será que já aprendemos a aprender lições? Relamente, gostaria que fosse diferente...

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