quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Onde está a ética?

Por Mariana Juer Taragano

Houve um tempo em que a palavra do homem valia mais do que qualquer papel assinado. Em algumas nações, religiões e tribos, a palavra vale a vida. E o que pode valer mais do que a própria vida a um ser humano?

Daí, ditados, provérbios e parábolas surgiram para exemplificar e ensinar às crianças sobre o poder das palavras e a responsabilidade a que se impinge aquele que fala sem pensar, que fala besteiras, ou que mente. Mas hoje, palavras, vida e ser humano vêm pesando de forma diferente na balança dos significados. E, junto com elas, arrastam outras preciosidades de dicionários de quaisquer culturas, tais como respeito e ética.

Em diferentes esferas da sociedade, vemo-nos afundados em uma mancha de significados contraditórios: usa-se a fé do povo, a crença em um futuro melhor para enganá-lo, extorqui-lo. E quando ele parece não ter mais esperanças, uma nova fagulha de pretensa possibilidade de melhora é colocada à sua frente como um irresistível engodo que, ao final, não passa de um engano, mais um.

Lembro-me de ter aprendido na escola valores que deveriam ser inerentes ao “ser” humano, tais como bondade, verdade, cuidado, respeito ao próximo, mas se minha escola não me passou ensinamentos equivocados, não tenho encontrado muita “humanidade” entre alguns daqueles que deveriam nos representar na arena para “promover o bem de todos”, segundo a tão aclamada Constituição de 1988. Andam a nos desrespeitar solenemente, passando por cima dos nossos direitos de cidadãos de uma nação que tem em suas raízes o desejo de ser “livre, justa e solidária”. Arrancam-nos a paz, a fé, a dignidade e nos extirpam o direito à ética!

Sinto vergonha por aqueles que se apoiam na ignorância alheia e nos limites da força popular para se manter no trono, que ainda é de cobre, mas que deveria ser de ouro, dado o potencial deste país-continente. Sinto pena dos que, ignorando a realidade dos fatos, sofrem bizarros abusos. A angústia violenta a alma daqueles que, conscientes das máscaras que nossa história vem usando, preveem novas lágrimas, mas não freia, sem dúvida alguma, a luta por um caminho de significados genuínos de ética, verdade, dignidade e justiça.

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