quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Hotel Caravelas

Por Mario Fioretti


Abri os olhos e vi o teto, forro manchado, com um lustre cheio de insetos mortos.
Sob meu corpo, a cama não tinha sido desfeita. Dormi vestido em cima de uma colcha estampada com cores quentes. Laranjas, marrons e ocres. Feia.
Lembrei, divertido, do porre da noite passada. Fazia tempo que não bebia tanto.
Levantei meio tonto, fui até o banheiro, me olhei no espelho – horrível - e lavei o rosto. Uma lâmpada esmaecida e amarelada me iluminava. Olhei para o chuveiro, depois para a toalha e decidi não tomar banho.
Deixei o quarto e fui até a sala do café da manhã. Tudo muito simples. Nas mesas marinheiros asiáticos conversavam em suas línguas estranhas. Tomei um café e pão com manteiga, espantando algumas as moscas de verão.
Paguei a conta e saí. O dia era de sol, sábado de manhã. Estava em Santos, tinha acabado de me separar. Dei risada daquilo tudo, me sentia livre e feliz como nunca.
Minha vida estava recomeçando.

2 comentários:

  1. Viajei no clima, nas sensações e me surpreendi com o final. Pude até sentir o cheiro do hotel! Uma "viagem" sobre crescimento sem sair da frente do micro.

    bjs
    MJ

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  2. Não sou muito de leituras, mas gostei do texto pois realmente me fez entrar no clima e imaginar a situação. Gostei de ter "viajado" neste texto.

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